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terça-feira, 17 de setembro de 2019

A AUTORA (USAREI ESSE TÍTULO SEMPRE QUE QUISER FALAR SOBRE COISAS RELACIONADAS A MIM)

Nasci com todo aparato sexual feminino e me identifico com ele. 

Gosto imensamente de rola, mas às vezes não gosto de aturar o acessório que vem acoplado nela, o que talvez me torne uma indivíduo do sexo feminino, cis heterossexual normativo (sim, hoje consigo reconhecer meus privilégios). Sou como qualquer outra mulher*, com a diferença de assumir aquela parte de "aturar o acessório..."

Tentei ser casada 2 vezes (não lembro por quanto tempo) e agora tento ser casada pela 3ª vez, há 20 anos


  • alguns anos foram sexo, briga, briga, sexo, sexo-briga, briga-sexo;
  • outros, como dividir o último pedaço do pudim (há uma tensão louca em momentos assim, olhares desconfiados, um western;
  • outros, como estar nuazinha sobre a areia da praia, pertim do sol se por. Aquela areia quentinha, a brisa que não é fria, mas arrepia e acarinha, os passarim se recolhendo, as gaivota tentado garantir a janta, o som do mar, o calor do sol e um soninho meio besta. O único cuidado era sair dali na hora certa ou seria o inferno dos mosquitos.
  • outros, uma espécie de momento marmota em que ambos retiravam suas tripas, tetavam comê-las, regurgitavam e lambiam os restos no chão; 
  • outros, sequer lembro; 
  • outros, lembro tanto, mas não tem papel suficiente (e nem leitor);
  • outros, como dormir em copas de cerejeiras floridas; 
  • outros, sexo (por vezes com outros); 
  • outros, filhos, sexo, contas, orçamento, sexo, cerveja, solidão;
  • outros, planos de montar uma companhia mambembe e brigas descomunais em função de aspetos de produção da companhia que, além de inexistente, mostrou-se inviável temporariamente, mas aguarda ali pertinho com todas as malinhas e malabares dentro delas;
  • outros, medo, medo de estar junto do outro em um momento, mas não no próximo, pois há coisas na vida que separam mais brigas, mais que sexo com outro, mais que orçamentos que não fecham, dívidas, escolher que boleto vai pagar, educação de filhos, mais que desenlaçar as mãos na hora em que o sono abate os dois na cama. Medo que a companheira inseparável da vida, levasse o meu amor ou levasse o amor do meu amor por causa de um coração que quer ser maior que o corpo que habita.


Tento me *tornar mulher há 43 anos, tento ser professora desde 2008, tento ser cidadã, pensar politicamente, agir afetuosamente, tento ser atriz desde os 15, tento ser amiga, mas minha frequencia afetiva não ajuda muito, tento ser mãe desde os 17, venho tentando ser menos autocentrada. São muitas histórias e, por isso, este blog.

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